De tanto se banalizarem as palavras elas perdem a força e o sentido. Palavras como amor, amo-te, acredita, juro e por ai fora, são tão banais que já ninguém as leva a sério.
Ensinam-nos desde muito cedo a desconfiar, não falar com estranhos, não aceitar guloseimas, etc , logo não confiar torna-se uma arma de defesa que nos protege do mundo inquietante e complexo em que vivemos.
Depois há também alturas na nossa vida, em que por medo, por raiva ou mágoa ou até por uma questão de sobrevivência, deixamos de acreditar, de confiar.
Então, entaipamos o nosso coração com muros!
Muros do tamanho da nossa dor. Desconfiamos de tudo e de todos e fechamos o nosso jardim aos olhares alheios.
Tapado ninguém o vê, ninguém o agride, ninguém lá chega.
Escondemos o nosso e deixamos de acreditar em jardins até porque jardins têm cor, perfume. Os muros não, são fortes sólidos impenetráveis.
Esquecemos é que, por baixo do nosso jardim as raízes avançam, vão minando fundações, desbravando o impenetrável.
Devagar devagarinho a cor vai entrando, o perfume vai-se espalhando, vamos tirando uma pedra, depois outra até que o muro acaba por ruir.
E ali estamos nós, nus, cheios de coragem a expor o nosso jardim sem medos.
Só que tal como nós, a raiz que avançou e foi invadindo o nosso jardim também foi ensinada a desconfiar, a defender-se. Ao olhar para o nosso jardim, não acredita!
Ou porque é perfeito de mais ou porque é de tal maneira complicado e complexo que parece tudo menos um jardim.
Aí, restam duas opções , ou passamos o resto da vida a reconstruir muros, ou vamos um pouco mais longe e fazemos depender de nós a realidade que nos rodeia.
Se de facto a vida nem sempre é aquilo que a gente deseja, pode sempre ser como a gente quer. Entre jardins e muros, a escolha é só nossa.
Entre o vazio da razão e o risco do amor eu escolhi mostrar o meu jardim.
Entre sofrer ou não sentir eu escolhi viver e VOCÊ?