E isto agora, a propósito de mais um livro da Margarida Rebelo Pinto.

"O Dia em que te esqueci ", foi-me oferecido por alguém que sabe que eu adoro ler, alguém que me conhece bem e que sabe que já li grandes nomes da Literatura Nacional e Internacional desde clássicos a contemporâneos,  Thomas Mann incluído.

No entanto, se esse alguém não me conhecesse bem e tivesse recorrido  à critica literária e não só, teria fugido como o diabo da Cruz.

 

«A evidência empírica demonstra que quem lê autores como Margarida Rebelo Pinto, por sistema não passa mais tarde digamos a Thomas Mann.»

«Margarida Rebelo Pinto não escreve literatura, escreve entretenimento»

«O sucesso que ela tem, só espelha o país que temos, um país embrutecido pelo excesso de telenovelas, reality-shows, etc...»

« Margarida escreve "aquilo" que milhares de pessoas, estão dispostas a comprar. Um livro sem literatura»

«No caso de Margarida Rebelo Pinto o problema nem é o mercado ou a vida(antes pelo contrário). O problema é a escrita já para não dizer a língua. E esse é um problema que nenhum sucesso de vendas vai resolver»

São exactamente estes comentários que me levam a questionar-me porquê, para quê?

Porque é que as pessoas têm de justificar o próprio sucesso?? Será  a escrita ou o sucesso que incomoda os  intlectuais da nossa praça??

Muita gente deveria lembrar-se que o que é verdade hoje, poderá não o ser amanhã.

Porquê esta vontade toda de denegrir o que é nosso??

Num País onde  os manuais escolares chegam aos nossos filhos com vários erros de Português, num País sem grandes hábitos de leitura, num país onde os livros são caríssimos, num país que tem como norma copiar e achar bom tudo o que é estrangeiro há vozes que se levantam,  que criticam, que depreciam alguém que se atreveu a escrever sobre o microcosmos social, alguém que tem uma visão feminina da vida, alguém que nos faz a nós mulheres por vezes olhar para dentro de nós próprias??

Não é Literatura?? Que seja! Mas é caso para deitar abaixo para insultar inclusive os leitores fieis que ela tem??

Ler é também entretenimento, não tem que ser uma chatice, uma obrigação. E alguém terá alguma coisa a ver com aquilo que eu decido ler, e gosto ou não gosto??

Não estou aqui para defender a autora até porque ela não precisa disso, não estou aqui para incentivar ou convencer alguém a comprar o livro em causa, ou até as obras dela porque as vendas falam por si, eu por acaso até gostei do livro mas se não gostasse, poderia não falar bem mas, também não faria este escarcéu todo.

 " Esta carta foi um ajuste de contas, uma confissão, um grito de revolta, um lamento de tristeza. Quando a comecei a escrever....... Pode existir maior cliché?? Não, mas só quem nunca sofreu um grande desgosto de amor é que não sabe do que aqui falo.»

« O tempo foi diluindo a tua presença na minha vida. Quem sabe um dia também dissolva a tua imagem da minha memória e eu consiga finalmente esquecer-me de ti.»

 

Clichés, frases feitas, amor de folhetim e depois?? não existe tanta a gente que passou e passa por estas realidades, que se revê nestes cenários?....ridículos, são todos aqueles que nunca escreveram ou reflectiram sobre o Amor. 

Como escreveu Álvaro de Campos,

 

 

(Todas as palavras esdrúxulas,
       Como os sentimentos esdrúxulos,
       São naturalmente
       Ridículas.)

 

 

publicado por Subjectividades às 14:46