Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
nada no mar, salvo o ser mar se vê.
Mas de nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?
Fernando Pessoa
Existem coisas, sentimentos, no nosso interior que a gente sente só.
Não percebe muito bem, não entende de uma maneira lógica, racional sente e isso chega-nos.
A minha relação com o mar é uma coisa profunda, sentida, difícil de transmitir por palavras.
O mar transmite-me uma paz infinita.
Quando me sento em frente a ele, tenho consciência de que não é o meu corpo que ali está. Existe uma comunhão, uma verdade, um entendimento único. O mar entende-me, fala comigo, dá-me o colo que nunca tive ou nunca soube pedir. Fortalece-me, conforta-me, conhece-me, lê-me, sabe dos meus medos das minhas dúvidas das minhas carências, das minhas alegrias, das minhas tristezas, sabe de mim e fala comigo.
Toda aquela imensidão, toda aquela força, perseverança, toda aquela beleza, som e mistério passam-me uma energia incrível.
É uma sensação de plenitude tão grande que em vez de me fazer sentir pequenina me faz sentir acarinhada. Incita-me a continuar, a caminhar, apoia-me e muitas vezes, aponta-me o caminho.
Ali em frente a ele, eu sinto que o mar gosta de mim, sinto-me amada de verdade.
Há alturas na minha vida em que eu preciso desesperadamente do mar!
Até hoje nunca me falhou, nunca me desapontou.
Para alguns poderá parecer estranha esta cumplicidade, mas é como eu disse há coisas que não se entendem, a gente sente só!