Saio para o dia

armada até aos dentes

a máscara aferrolhada até ao limite

mas sinto na mesma fugir

o meu tecto de nuvens.

Não, não te vou deixar entrar!

mas de que me serve?

Há sempre uma parte de mim

fora de mim...

Fujo sempre pelo lado errado,

e a cada virar de esquina

estás tu!

Não, não vou oferecer ao público,

o espectáculo das minhas dores.

Rangem as fechaduras.

Sigo como as linhas de uma pauta

E, a multidão passa imperturbável

alheia ao meu pesar.

Se ao menos

tivesses deixado uma ponta,

uma frincha onde pudesse

assomar as portas agora seladas!

Queria poder chegar a ti

limpar a teia que se aquietou

nos meus olhos.

Para onde quer que me vire há

apenas o nada a envolver-me

como um som.

E o uivar da saudade

E lá vens tu outra vez!

Lesto como o vento,

nublam-se os meus olhos

E pesa o meu andar.

Não, não te deixo entrar!

Fundo em chamas o meu coração

Tapo todos os poros

e recuo para lá da linha da maré cheia.

publicado por Subjectividades às 09:46