Saio para o dia
armada até aos dentes
a máscara aferrolhada até ao limite
mas sinto na mesma fugir
o meu tecto de nuvens.
Não, não te vou deixar entrar!
mas de que me serve?
Há sempre uma parte de mim
fora de mim...
Fujo sempre pelo lado errado,
e a cada virar de esquina
estás tu!
Não, não vou oferecer ao público,
o espectáculo das minhas dores.
Rangem as fechaduras.
Sigo como as linhas de uma pauta
E, a multidão passa imperturbável
alheia ao meu pesar.
Se ao menos
tivesses deixado uma ponta,
uma frincha onde pudesse
assomar as portas agora seladas!
Queria poder chegar a ti
limpar a teia que se aquietou
nos meus olhos.
Para onde quer que me vire há
apenas o nada a envolver-me
como um som.
E o uivar da saudade
E lá vens tu outra vez!
Lesto como o vento,
nublam-se os meus olhos
E pesa o meu andar.
Não, não te deixo entrar!
Fundo em chamas o meu coração
Tapo todos os poros
e recuo para lá da linha da maré cheia.