Ás vezes

Cirzo-me,

coso com fios de ferro

que se emaranham uns nos outros

clamando por saídas.

Entre envolventes cadências de uma quase liberdade,

 grito e grito e grito,

até rebentar as artérias....

Abrem- se as portas que estavam seladas!

Sinto o sangue a transmudar em ferro, e a carne a virar aço.

Subjugada por inteiro num mar de raiva que me agita as entranhas,

Embaralham-se-me os sentidos.

Conjuro...tento compreender!

E eis que sobrevém outra vez...

Sinto-me fender,

estilhaçar,

Vem de seguida a raiva liquida que me faz faiscar os olhos,

Quero mais uma vez gritar e gritar...mas os gritos morrem na garganta.

Desenleada de mim e do meu monstro,

Aprisiono os demónios em palavras e com um suspiro,

volto a selar as portas.

publicado por Subjectividades às 13:12