Ás vezes
Cirzo-me,
coso com fios de ferro
que se emaranham uns nos outros
clamando por saídas.
Entre envolventes cadências de uma quase liberdade,
grito e grito e grito,
até rebentar as artérias....
Abrem- se as portas que estavam seladas!
Sinto o sangue a transmudar em ferro, e a carne a virar aço.
Subjugada por inteiro num mar de raiva que me agita as entranhas,
Embaralham-se-me os sentidos.
Conjuro...tento compreender!
E eis que sobrevém outra vez...
Sinto-me fender,
estilhaçar,
Vem de seguida a raiva liquida que me faz faiscar os olhos,
Quero mais uma vez gritar e gritar...mas os gritos morrem na garganta.
Desenleada de mim e do meu monstro,
Aprisiono os demónios em palavras e com um suspiro,
volto a selar as portas.