O meu defeito
Como to hei-de explicar?
Há duas em mim.
Uma é pequena
Anda,
Das veias saem sangue.
Outra é grande
Alada,
E das veias saem sonhos.
Uma é frágil como asas de borboleta.
Outra é forte como o mar encapelado.
Como espectadora do meu próprio espírito,
Nublam-se os meus olhos e pesa o meu andar.
Sou,
Frágil e efémera tenho em mim, descrença, vómitos de medo e raivas perecidas.
Forte, intrépida e guerreira, acredito que tudo o que atiro ao ar se torna possível.
Bramindo o velho dom da esperança, fecho os olhos às dificuldades e projecto na minha mente aquele cenário de lua cheia que cria um caminho de prata.
Criatura híbrida e nevoenta, há alturas em que me visita o sol pela janela e olho para tudo com olhos de éden.
Outras há em que enegrecem as águas e as nuvens do céu.
O chão chamega e crepitam pequenas flores de fogo que apagam sorrisos.
Nesta pluralidade de vozes só uma coisa se mantém, a fúria do meu útero de Loba....
É, há duas em mim, ou será que são mais.....
Para a minha amiga Clara