Internet. Uma palavra interessante. Uma coisa surgida do abismo...um esconderijo para todas as coisas que preferimos manter secretas nas nossas vidas reais. E no entanto gostamos de observar não gostamos?
- Na internet posso ser eu próprio - ou até outra pessoa - Num mundo onde ninguém é exactamente o que parece. Onde todos os membros de todas as tribos são livres de fazer o que mais desejam. Tribos? Sim, toda a gente aqui tem uma tribo; cada uma delas com as suas divisões e subdivisões...Toda a gente aqui tem um lar, um lugar onde alguém o acolherá, onde todos os seus gostos encontram satisfação...
A maioria das pessoas alinha com a escolha popular. Escolhe sempre baunilha. São os bons da fita, tão vulgares como a Coca Cola. A sua consciência é tão pura como os seus dentes perfeitos; são todos altos bronzeados e apresentáveis...
Mas os maus vêm num milhão de sabores diferentes. Os maus mentem, fazem batota, enganam, os maus põem o coração a bater mais depressa...
- A meio da noite quando Deus parece uma píada cósmica e ninguém parece estar a ouvir, não precisamos todos de alguém com quem comunicar?
E a propósito eu conheço-te?
- Ela não sabe de nada, claro. Tem um ar muito inocente, com o seu casaco vermelho e o seu cesto. Mas por vezes os maus não se vestem de preto e por vezes uma menina perdida na floresta é bem capaz de fazer frente ao lobo mau...
A escrita da Joanne Harris para mim, e aqui vou entrar um pouco no dominío da sinestesia, sabe a chocolate amargo, cheira a urze, tem a textura do nevoeiro, o som da música étnica, tudo isto embrulhado num realismo mágico, num eterno jogo de luz e sombra.
Mas este livro, "O rapaz de olhos Azuis", cheira a sangue!
Á primeira vista parece uma história sobre os perigos da internet, ( o que é sempre bom ter presente), mas só à primeira vista!
Ainda vou só a meio deste relato sombrio e intricado, verdadeiramente arrepiante e com uma densidade muito abrangente.
Talvez para quem nunca leu Joanne Harris não seja aconselhável começar por este....
Bom Fim de Semana.